A educação do paladar

É ainda no ventre da mãe que o paladar começa a ser formado. Os hábitos maternos determinam preferências alimentares na vida da criança, pois têm relação com o aporte de nutrientes e sensações uterinas relativos à dieta da mãe. Já ao nascer o paladar é o sentindo menos desenvolvido, uma vez que a natureza a preparou para apenas um alimento: o leite materno. Os dois primeiros anos de vida são cruciais para solidificar bons hábitos alimentares. Assim que acabar a fase de aleitamento exclusivo, é hora de tomar alguns cuidados.
A criança não gosta porque não foi oferecido ou não teve o paladar educado, por isso os pais devem oferecer de tudo que é saudável desde pequenos (assim que o pediatra liberar), para que não se tornem adultos com limitações e para que ocorra um crescimento saudável. Um paladar apurado nada mais é que um paladar educado. Tudo é treino, estão aí os provadores de café, chocolate, entre outros, para mostrar isso. Explicar e conversar com as crianças sobre os alimentos e sua importância também faz parte do aprendizado. Na educação o melhor estímulo é a riqueza de experiências. É importante incentivar a criança a experimentar novos sabores, e não forçá-la.
A educação precisa ser integral em todos os aspectos, inclusive o paladar.
O PALADAR INFANTIL
A gente tem essa concepção de que comida de criança é nuggets e batata frita, que existe o “paladar infantil”, mas a gente não para pra pensar que isso é uma construção cultural. As crianças no japão crescem comendo algas, tofu e peixe cru, os mexicanos e indianos comem pimenta desde sempre, e isso não é exatamente o que chamaríamos de paladar infantil, certo? Na frança as crianças tem o hábito de comerem exatamente o que os adultos comem, além de não beliscar nunca. Eles veem os pais comendo de tudo, e são apresentados para os alimentos desde cedo. Tudo é uma questão de hábito e de familiaridade com os alimentos. É na infância que se forma o paladar. Aquilo que comemos quando criança fica marcado na nossa memória para sempre. Não é à toa que quando a gente tá meio deprimido, dá aquela vontade de comer aquele bolo de cenoura que nossa vó fazia, ou o feijão que a mãe preparava; é a nossa zona de conforto. Por isso temos que pensar bem no que iremos dar no dia-a-dia para nossos filhos.
PROVAR PARA GOSTAR
Os alimentos devem ser apresentados de 6 a 15 vezes antes de concluir que a criança gosta ou não de algo. Introduza pelo menos 1 novo vegetal a cada semana. Não desista! Os estudos mostram que tentar 10 vezes seguidas costuma ser suficiente para que seu filho passe a aceitar os novos sabores.
Permita que seu paladar se abra para o sabor de comida de verdade.
Faça as provas com o alimento de diferentes formas, por exemplo: uma salada de cenoura crua ralada, uma salada de cenoura em rodelas cozidas, uma sopa de cenoura, e por aí vai. A forma do corte e do cozimento altera o sabor do alimento, assim educando o paladar.
Se a criança consome muitos alimentos açucarados ou gordurosos, a tendência é sempre gostar desse tipo de sabor, e não apreciar o real sabor da comida. Sucos de frutas e o cafezinho da manhã são bons exemplos. Quando colocamos açúcar, o sabor da fruta fica tão camuflado, que ao provarmos a fruta in natura não reconhecemos o gosto e tendemos a achar ruim. Mas existe um caminho inverso, ou seja, se você passar a consumir alimentos mais próximos do seu estado natural, a aceitação dos processados com mais açúcar e sal, também diminui.